Se você está por dentro dos assuntos comentados aqui no blog, já deve saber que uma simples marca de batom pode ajudar na identificação humana em uma cena de crime, mas será que o uso dos famosos preenchedores labiais pode prejudicar a análise dessas impressões?
Sabemos que a Harmonização Orofacial é a queridinha do momento e está sendo cada vez mais procurada por mulheres e homens que desejam melhorar a estética da face. E o preenchimento labial não poderia ficar de fora, né? Ele veio para realizar o sonho de muitas mulheres em ter os lábios parecidos com os da Angelina Jolie.
Mas para saber se esse procedimento pode mesmo atrapalhar as marcas deixadas pelos lábios é necessário conhecermos melhor esse método de identificação humana.
Para quem não está familiarizado com o termo, queiloscopia é a ciência que estuda as impressões labiais, levando em consideração todas as suas características, como a espessura, comissuras labiais, sulcos e fissuras existentes.
Essas impressões podem ser tanto visíveis, quando são deixadas por produtos cosméticos (caso do batom), tinta e até mesmo sangue, ou latentes, que seriam o resultado da própria saliva e glândulas sebáceas do indivíduo. Essas marcas podem ser deixadas em copos, guardanapos, talheres, cigarros e roupas da vítima. A coleta para a análise é bastante simples e rápida, além de apresentar baixo custo, sendo feita a comparação de todas essas estruturas apresentadas.
Como vimos, esse tipo de identificação é possível através, principalmente, das impressões dos sulcos e fissuras, que são permanentes e imutáveis, ou seja, não mudam ao decorrer da nossa vida. Com o preenchimento labial, os lábios apresentam um aspecto mais “liso”, a depender do volume utilizado em cada paciente, causando certa distorção nos sulcos existentes, o que poderia levar a uma diferença na análise.
Porém, ainda não é possível afirmar o grau de comprometimento desses sulcos pelo material de preenchimento labial, pois ainda não existem pesquisas relacionando os dois temas. Mas, por se tratar de um material que é facilmente absorvido pelo organismo, tem-se a opção de esperar a normalização do tecido para realização da coleta.
A queiloscopia ainda é um campo pouco estudado pelos autores, com poucas pesquisas e trabalhos sobre o tema, o que acaba prejudicando a sua aplicabilidade na Odontologia Legal.
Por não apresentar uma classificação universal, não é considerada um método de qualidade no campo da identificação, mas a queiloscopia pode se tornar bastante útil na prática forense devido à extensa quantidade de informações preciosas que carrega, por isso, é muito importante o incentivo para novas pesquisas nessa área.
Thaís Cavalcante
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