• Home
  • Equipe
    • Coordenadoras
    • Presidência
    • Científica
    • Comunicação
    • Financeira
  • Conheça a Odontologia Legal
  • Nossa Atuação
  • Formulários
  • Novidades
  • Ajuda
    Liga Acadêmica de Odontologia Legal - UFPB

    ESTUDO DAS MORDEDURAS

    Um comentário

                Nos mais diversos filmes de vampiros podemos observar a marquinha peculiar que fica no pescoço daquele que é atacado por um discípulo do Conde Drácula – uma mordida nada humana, diga-se de passagem. E aí vem a pergunta: “Será que existe a possibilidade de saber quem deixou aquela marca a partir da análise dos elementos dentários?”.

    Bem amigos, a ciência não traz estudos sobre vampiros, mas o que eu posso lhe dizer é que existe a possibilidade de se realizar uma análise da mordedura deixada por humanos ou por animais, seja esta produzida na pele de uma pessoa viva, morta (isso mesmo, no cadáver) ou objetos inanimados de consistência relativamente mole. No caso dos humanos, a mordedura é a impressão que pode ser deixada não só pelos dentes, mas também por próteses, aparelhos ortodônticos, etc).


                O que a literatura nos traz sobre essa análise nos diz que é possível realizar o estudo das mordeduras porque os elementos dentários possuem características individualizadoras incontroversas. Como exemplo de características temos o tamanho, forma, posição na arcada, características individualizadoras como apinhamento, ausência de elementos ou até mesmo a presença de elementos extranumerários, uso de aparelho ortodôntico, próteses, desgastes ou quaisquer outras características.

                Antes de adentrar na parte técnica da coisa, preciso falar que, diante de uma marca de mordida, antes de mais nada, se faz necessária uma inspeção visual para distinguir se aquela lesão foi produzida por um animal ou por um humano. E isso é possível porque existem características que diferem a mordedura humana daquela produzida por um animal.

                Agora vou listar aqui algumas das características que são produzidas pela mordida humana pra você conseguir entender um pouco a diferença entre elas no final. Primeiramente, o formato da marca da mordida humana tende a ser circular / elíptica – arco superior + arco inferior. Para a análise dos demais pontos, tenta imaginar a descrição de fora para dentro, ok? Se tratando da pele humana, no ato de morder, quando um ser humano apreende a superfície com os dentes, os lábios também exercem certa pressão tecidual, provocando uma equimose difusa ao redor daquelas deixadas pelos dentes (como se fosse uma delimitação da mordedura, coisa que não acontece no caso dos animais). Os elementos anteriores – incisivos e caninos - tendem a deixar marcas de escoriações ou até mesmo lesões cortocontusas, a depender da força exercida pelo agente. Outro ponto é  a equimose de sucção – Sugilação – provocada pela pressão negativa (o famoso vácuo) produzida pelo agente ou pela ação contundente da própria língua.

                Quando a lesão é provocada por um animal, geralmente tem-se laceração do tecido, isso porque o animal tende a abocanhar a vítima e chacoalhar a cabeça ferozmente. Além disso, a lesão tem um formato de “V” – o que coincide com o formato da arcada dos animais -  não existe a tal equimose de sucção, as lesões são mais profundas – perfurocontusas, nos termos técnicos - (tem um aspecto de furo mesmo) devido à anatomia dos elementos dentários, sobretudo à dos caninos, e outro ponto a ser observado é o espaçamento (diastema) que há entre um dente e outro.

                                        


                Do ponto de vista forense, a identificação dessas marcas permite elencar alguns pontos importantes como a violência da agressão; nos casos onde há mais de uma mordedura é possível analisar a procedência e a sequência na produção dessas lesões; verificar se a produção foi feita ainda em vida ou após a morte do indivíduo; e até mesmo a data aproximada em que a marca foi produzida observando o tempo transcorrido da marca até o momento do exame pericial.

                O ponta pé inicial da análise é examinar a lesão. Como falei no início, verificar se foi provocada por animal ou por humano, verificar a quantidade, observar a reação vital para determinar se foi provocada em vida ou não, etc.

                O segundo passo é o registro fotográfico, pois é a melhor forma de documentar, tendo em vista que observar não é registrar, e depois não tem com recorrer novamente à imagem da lesão. Para a fotografia é importante manter o paralelismo entre a câmera e a marca para evitar distorções, utilizar uma escala ou régua milimetrada (observem na imagem o exemplo de uma régua comumente utilizada  da American Board of Forensic Odontology – ABFO), realizar tomadas na luz natura, com flash, preto e branco, e se possível, de acordo com a literatura, com filme infravermelho. Recomenda-se também fazer os registros em dias sucessivos, entre o 3ª e 5ª dia, pois a medida em que a equimose vai desaparecendo, fica mais fácil de observar o formato do arco.

                E o terceiro ponto é a coleta de saliva. Isso nos traz um ponto importante para refletirmos aqui. Estudos apontam que 65% das vítimas de agressão por mordida são do sexo feminino e 35% do sexo masculino. Além disso, as pesquisas revelam a relação entre essas lesões e agressão sexual. Nesse contexto, nem sempre é possível realizar a coleta de saliva porque a tendência da vítima é se lavar, se limpar, retirando todo o material biológico do agressor da sua pele (lembrando que o ato de morder também pode ser uma forma de defesa da própria vítima contra seu agressor). Porém, quando possível, a coleta é feita com o auxílio de 2 swabs (uma espécie maior de cotonete). Um swab umedecido com água destilada é passado em toda a região da lesão e depois deixa-se que ele seque ao ar. O segundo swab é passado na mesma região onde foi passado o primeiro. Ambos são acondicionados em envelopes de papel, enviados ao laboratório juntamente com a amostra de sangue da vítima.

    E pra que serve a saliva?

    Com a saliva podemos obter pistas que nos levem ao suposto agressor. Dá pra se obter o grupo sanguíneo, identificar o DNA e também pesquisar uma enzima que existe na nossa saliva chamada Amilase, pra se tirar a “prova dos 9” caso exista dúvida se aquilo é mesmo uma mordida ou não.

    Outra coisa que pode ser feita é a moldagem da mordida para que seja feito o confronto com a arcada do suspeito. Essa moldagem é feita com materiais de alta precisão, e dá pra fazer no vivo, em objetos e no cadáver. No caso do suspeito, precisa-se coletar algumas amostras como o registro da mordida em cera, coleta da saliva e de células da mucosa, moldagem dos arcos superior e inferior e a coleta de sangue. Por fim vem a comparação da marca que foi deixada na vítima com as moldagens que foram obtidas do suspeito.

    As análises das mordeduras são morfológica e métrica. Verifica-se a forma da lesão, medidas da largura e comprimento de cada dente, distância entre os elementos, tamanho geral do arco. Ah, o perito, quando capacitado, pode sim utilizar softwares para auxiliar na análise métrica.

    Lembrando que nem tudo é um mar de rosas, né? Existem algumas problemáticas no campo do estudo das mordeduras. Primeiro que as marcas podem passar desapercebidas no exame perinecroscópico (pasmem). Segundo que a pele não é lá essas coisas pra poder conservar uma marca, muito menos pra coletá-las. Enfim, os peritos que...LUTEM!

    TODO CUIDADO É POUCO! Desde a análise morfológica. Os vestígios são fáceis de se perder. Outro quesito importantíssimo é a emissão de um laudo pericial. Porque, pensa comigo, um juiz, com aquele laudo na mão, vai atribuir juízo de valor! Alguma pessoa pode ser incriminada por algo que não fez ou inocentada por algo que cometeu. Entende a gravidade da coisa?

    Indo pra o final do nosso tema, resolvi trazer uma problemática. A literatura diz ser impossível o fato de que dois indivíduos tenham dentaduras idênticas. Outras pesquisas trazem dúvida sobre o requisito biológico da unicidade da arcada dentária humana (se você não se lembra dos requisitos biológicos e técnicos, sugiro que releia o texto de Antropologia Forense que temos aqui no nosso Blog). Então eu resolvi colocar uma pulga atrás da sua orelha, meu caro leitor. Vamos de tendência! Tratamentos ortodônticos, lentes de contato dentais, facetas laminadas, protocolos de implante... como será que fica a vida do Perito Odontolegista para analisar uma mordedura nessas condições? Será que em um futuro, nem tão distante assim, teremos ainda dentes com “características individualizadoras incontroversas”?

    Deixo essa reflexão pra vocês.

                Você precisa saber:

    - A marca dos caninos provocadas pela mordida de uma criança é MENOR que 3cm! A de um adulto varia de 2,5 – 4,5 cm.

    - O modus operandi do famoso “Maníaco do Parque” incluía morder suas vítimas. O confronto das arcadas foi realizado a partir modelo obtido das mordeduras encontradas nas vítimas com o sorriso do agressor obtido através de um vídeo dele patinando - o mesmo se encontrava foragido. Galerinha, tem matéria da investigação disponível na 1ª Temporada da série Investigação Criminal na Amazon Vídeo!



    Até a próxima!

    Isis Teixeira


    REFERÊNCIAS:

    DARUGE, Eduardo. Tratado de odontologia legal e deontologia. Grupo Gen-Livraria Santos Editora, 2017.

    FRANCO, A. Unique or not unique? That is the question!–opinion article on a bitemark scope. RBOL-Revista Brasileira de Odontologia Legal, v. 2, n. 2, 2015.

    VANRELL J. P. Odontologia Legal e Antropologia Forense. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2019. Cap.10, p.66 - 69

    Read More

    Fotografia forense

    Nenhum comentário

    Você conhece essa imagem né?

    Há quem diga que essa é a fotografia mais conhecida do mundo (apesar de quase ninguém sequer saber que ela é real!). Essa vista é originária de uma região rica na produção de vinho na California, o Vale de Napa. Inclusive, quando eu usava o Windows XP tinha frequentemente a sensação de conhecer esse local. Isso é algo passível de acontecer quando estamos diante de uma imagem com enquadramento perfeito. Nesses casos, a fotografia passa a ser uma espécie de janela, quase um passaporte para acessar aquele ambiente registrado. Mas esse sentimento de familiaridade gerado nas pessoas que enxergam uma fotografia, é um resultado que requer muito estudo e habilidade.

    Com certeza você já esteve em um ambiente ou evento em que foi fotografado, no outro dia foi olhar a foto e ficou com a sensação que aquela foto não está representando bem o ocorrido… sejam sinceros! As vezes é por conta de uma foto mais escura em um ambiente com tanta iluminação, ou a imagem de um lindo vestido azul que saiu esverdeado, e até mesmo alguém com olhos claros que saiu avermelhado.

    Pouca gente imagina, mas uma das funções mais importantes do perito criminal é saber fotografar a cena do crime. Analogamente, os peritos de cada área específica (medicina, odontologia, química, etc) também são cobrados dessa habilidade para a construção dos laudos. E é justamente aqui que vem à tona a capacidade de mostrar fielmente o ambiente de algum sinistro ocorrido, uma lesão traumatológica ou uma ossada com detalhes determinantes para identificação.

    Engana-se também quem acha que um celular com câmera de 18Mpx vai dar conta de registrar qualquer perícia. Na ciência forense, a câmera fotográfica profissional é uma ferramenta de trabalho tão importante quanto um revelador de impressões digitais (quem pretende a carreira, é bom começar a juntar dinheiro se quiser ter algo de qualidade rsrs).

    Mas calma, o esforço financeiro é um dos últimos a ser empenhado, antes disso é importante sentar o bumbum na cadeira e estudar minimamente sobre:

    • Lentes

    • Flash

    • Iluminação

    • Enquadramento

    • Foco

    • Velocidade do diafragma

    • Sensibilidade ISO

    ..

    Anota aí que lá vai uma dica inédita!

    ..

    “Tão importante quanto estudar, é praticar”

    ..

    Mas… Voltando a realidade da fotografia mais acessível, todo mundo que tem um smartphone, obrigatoriamente, têm uma selfie. Somente no instagram, são 500 milhões de usuários ativos diariamente, já imaginou a quantidade de selfie postada por minuto no mundo? Aliás! Já imaginou a quantidade de selfies tiradas antes de escolher qual vai ser postada (diariamente)?

    Pois é, esse é um ponto que vem a somar exponencialmente na perícia forense, principalmente para a Odontologia legal. Pois nem sempre é possível obter uma imagem oficial (atualizada) de uma pessoa antes da morte ou desaparecimento, e cada dia mais estão sendo aproveitadas selfies para análise pericial. Nos casos de desaparecimento, a análise fotoantropométrica pode gerar como resultado a previsão de como a pessoa estaria hoje em dia, a partir de medidas e expressões faciais da idade. Caso exista a suspeita de morte, ainda é possível comparar a linha do sorriso registrada nas selfies do desaparecido, com a de crânios encontrados e encaminhados aos Institutos de Polícia Científica. O crescente aumento na qualidade das câmeras de smartphones também possui contribuição nesse processo.

    Portanto, antes de julgar desnecessário registrar um momento ou sorriso em ocasião especial, esqueça qualquer problema, viva e guarde aquele tempo! Lembre-se que ele nunca mais voltará ou será o mesmo!

    “Faça valer a pena” - Violonista do filme Titanic


    Johnys Berton Medeiros da Nóbrega


    Referências:

    DARUGE, E. Tratado de odontologia legal e deontologia. 1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2017. p. 524 - 550. VANRELL, Jorge Paulete. Odontologia Legal E Antropologia Forense . Grupo Gen-Guanabara Koogan, 2000. https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwXvMl9k4lPdmF2LsHU-Ol6jx-15SFffJqHo6638AUsHJNZxKEVSp8YPFxjakFtVPmbqVqTDZ5fa30x4tgUJuiSGNj0CfkL5PxaV44T7iHvMvV17ABhkubItsD-ttoR_x9jGJpeXed5zQ/s1600/windows_xp_bliss-wide.jpg https://i.pinimg.com/originals/71/0d/db/710ddb3fd784c3a6849b66d34200381e.jpg https://blog.emania.com.br/8-curiosidades-da-fotografia-que-voce-precisa-conhecer/ https://amenteemaravilhosa.com.br/wp-content/uploads/2018/08/mulher-sorrindo-mais.jpg


    Read More
    ← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial

    Social Profiles

    InstagramRSS FeedEmail
    • Popular
    • Blog Archives

    Tags

    • Conheça a Odontologia Legal
    • Odontologia Legal
    • Noticias
    • Antropologia Forense
    • Identificação Humana
    • Perícia
    • Estimativa
    • Científica
    • Documentos Odontolegais
    • Forense
    • Novidades
    • Peritos
    • Atuação
    • Equipe
    • Estimativa da Idade
    • Comunicação
    • Desaparecidos
    • Direito
    • Formulários
    • Mordida
    • Campus I
    • Coordenadoras
    • Desaparecimento
    • Fotografia forense
    • Covid-19
    • Disney
    • Estimativa de Altura
    • Estimativa do Sexo
    • Publicidade Odontológica
    • Queiloscopia
    • Reconstituição Facial
    • Contato
    • Feminicidio
    • Financeira
    • Ossos
    • Presidência
    • Prontuário Odontológico
    • Rugas Palatinas
    • Traumatologia Forense
    • Violência Doméstica
    • criança

    Arquivo

    • novembro 20221
    • abril 20221
    • março 20221
    • novembro 20211
    • setembro 20211
    • julho 20211
    • junho 20212
    • maio 20211
    • abril 20211
    • março 20212
    • fevereiro 20212
    • dezembro 20201
    • novembro 20202
    • outubro 20202
    • setembro 20202
    • agosto 20208
    • julho 202014
    • junho 20201
    Mostrar mais Mostrar menos

    Agenda de atividades

    Quem sou eu

    • Anderson
    • Liga Acadêmica de Odontologia Legal da UFPB

    Users Online


    Popular Posts

    • DAS PRINCESAS À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NA PANDEMIA DO CORONA VÍRUS
                Desde pequena admirei as princesas produzidas pela Disney. No alto dos meus 54 anos, já vesti minhas filhas de Branca de Neve, Cin...
    • Documentos OdontoLegais
      A palavra documento possui etimologia do latim documentum, que significa lição, prova ensino, e também deriva da palavra docere, que sign...
    • O estudo da antropologia forense fora do Brasil por Laíse Lima
           Inspirada na mediação das palestras que me convidaram a fazer para o IV Congresso Nacional de Antropologia Forense (CONAF), cujos pales...

    Denunciar abuso

    Blog Archive

    • ► 2022 (3)
      • ► novembro (1)
      • ► abril (1)
      • ► março (1)
    • ▼ 2021 (11)
      • ► novembro (1)
      • ► setembro (1)
      • ► julho (1)
      • ► junho (2)
      • ► maio (1)
      • ► abril (1)
      • ► março (2)
      • ▼ fevereiro (2)
        • ESTUDO DAS MORDEDURAS
        • Fotografia forense
    • ► 2020 (30)
      • ► dezembro (1)
      • ► novembro (2)
      • ► outubro (2)
      • ► setembro (2)
      • ► agosto (8)
      • ► julho (14)
      • ► junho (1)
    Copyright © Liga Acadêmica de Odontologia Legal - UFPB
    Distributed by Gooyaabi Templates