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    Liga Acadêmica de Odontologia Legal - UFPB

    Memento mori

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    Amado leitor, caso você esteja achando estranho o título do texto, não se espante! Quem conhece a expressão citada tem ideia de qual será o tema do texto de hoje?  Para quem nunca ouviu falar, Memento mori é uma expressão em latim que significa “lembre-se da morte” ou “lembre-se que você é mortal”. Na Roma Antiga, a expressão era dita aos soldados quando estes comemoravam ao regressar de suas batalhas (também é uma saudação utilizada por monges católicos). 

    Outro período em que essa expressão foi muito utilizada foi no Século XIX, mais especificamente na Era Vitoriana (1837-1901), quando o Reino Unido estava sob reinado da Rainha Vitória. Nessa época as pessoas costumavam tirar fotos com pessoas mortas, como se elas ainda estivessem vivas. Servia como uma espécie de registro - (levaram a coisa à sério mesmo) - como uma lembrança da morte, de fato.

     Fonte: Google Imagens

    Maaaaas, não vim aqui para assustar ninguém! Vim para falar  sobre Tanatologia! (Eu não pensei em um jeito melhor de introduzir o assunto se não fosse falando de algo relacionado à morte). A origem da palavra Tanatologia vem do grego Thánatus = morte / nome dado ao deus da morte na mitologia grega, e lógos /lógon / = estudo. 

    A morte, por definição, é complexa. A medicina define de um jeito, a justiça de outro. Para os médicos, a morte é a cessação da vida sem possibilidade de retorno. Para a justiça, perda de direitos, onde a pessoa que outrora existia e possuía seus direitos, não os possui mais, pois já não está viva. 

    Levando em consideração que não há apenas uma única e exclusiva forma de morrer, é preciso saber algumas classificações da morte quanto à sua realidade, a rapidez com que ocorreu e à sua causa.

    Do ponto de vista biológico, a morte não decorre de um fato único, mas sim de vários processos biológicos graduais que resultam na cessação vital. Por isso, quanto à realidade, a morte pode ser classificada como real ou aparente, pois tais fenômenos biológicos podem, aparentemente, levar a crer que o indivíduo está morto, quando na verdade ele ainda está vivo. Hoje tem-se como referência a ausência de atividade cerebral, a famosa morte encefálica. Isso porque não se tem meio nenhum que possa substituir a atividade do nosso cérebro (diferentemente da ventilação mecânica - respiração por aparelhos). 

    Pensando em todos esses pormenores, a legislação prevê um tempo limite para a realização das necrópsias. Temos no Artigo 162 nosso Código de Processo Penal /1941 que as autópsias só serão realizadas pelos menos seis horas depois do óbito (claro que existem exceções, caso tenha curiosidade, dá uma olhadinha depois no CPP).

    A morte aparente pode ter várias causas, como algumas patologias que simulam a morte, medicações que deprimem o sistema nervoso central e outros fatores que podem levar à redução dos batimentos cardíacos, da frequência respiratória e da atividade muscular - estes três últimos constituem a Tríade de Thoinot.

    Em relação à rapidez, a morte pode ser rápida, mais conhecida como morte súbita, é aquela que é inesperada ou pode ser lenta / agônica, quando se leva um tempo de evolução de alguma doença ou trauma até que ocorra o óbito.

    Quanto à causa, a morte pode ser natural, geralmente é algo já esperado, pois na maioria das vezes está relacionada com doenças que vão evoluindo com o passar do tempo. A morte pode ser de causas violentas como suicídio, acidentes, homicídios. Por fim, temos a morte duvidosa. Nesse caso, de acordo com as características pré-mortais e do óbito, não se tem como afirmar se houve de fato uma morte natural sem elementos de violência.

    Agora, o nosso colega médico-legista tem as seguintes hipóteses para o seu diagnóstico final: causa, com certeza, da morte, causa sugestiva da morte, causa compatível com a morte, causa indeterminada da morte e causa violenta da morte. 

    Uma vez que ocorreu a morte, seu diagnóstico pode ser realizado através dos métodos da observação de sinais de cessação da vida ou  abióticos, e da observação dos fenômenos cadavéricos. 

    Te explico! Provar a cessação da vida por meio dos sinais abióticos nada mais é do que avaliar o funcionamento de algum dos nossos sistemas, como por exemplo o sistema circulatório, respiratório, a atividade cerebral, entre outros.

    Indo agora para os fenômenos cadavéricos, estes podem ser imediatos e mediatos. Os imediatos são: parada cardiorespiratória, inconsciência, palidez, imobilidade, dilatação da pupila e ausência do tônus muscular.

    Já os fenômenos mediatos são aqueles consecutivos, vão aparecendo conforme o transcorrer do tempo, são eles a desidratação cadavérica, esfriamento do cadáver (nas primeiras 12 horas, a temperatura diminui cerca de 0,8 a 1ºC por hora, e nas horas seguintes 0,3 a 0,5ºC, podendo atingir a temperatura ambiente em 24h), livores hipostáticos (livor mortis), e rigidez cadavérica (rigor mortis). Só uma ressalva em relação às duas últimas características. Os livores hipostáticos ou livores de hipóstase são manchas arroxeadas que surgem na região de maior declive do cadáver, decorrente do acúmulo de sangue (se o indivíduo caiu de costas e o cadáver foi encontrado naquela mesma posição, os livores hipostáticos estarão nas costas. O mesmo serve para as demais posições. Isso ajuda a perícia a verificar se a posição do cadáver foi alterada). Sobre a rigidez cadavérica, esta começa a se instalar de maneira progressiva - (começando pela mandíbula e finalizando nos membros inferiores) - entre 30 minutos e 6 horas após o óbito.

    Além desses fenômenos, existem os fenômenos transformativos do cadáver. Aí você pode tá se perguntando o porquê do termo transformativo e não destrutivo, já que estamos falando de cadáver. É porque essas transformações podem tanto destruir o cadáver como conservá-lo.

    O primeiro processo destrutivo é a autólise  onde ocorre a autodestruição das células e dos tecidos. Tal processo ocorre sem interferência do meio externo. 

     A putrefação é o segundo processo destrutivo que ocorre em quatro etapas. É um processo lento, ocasionado pela decomposição da matéria orgânica das bactérias e da fauna presente. O odor fétido é decorrente da decomposição das proteínas. Na primeira etapa temos o período cromático que ocorre nas primeiras 18 - 24 horas, durando cerca de 7-12 dias. É onde surgem as manchas esverdeadas (mancha verde abdominal). Em seguida temos o período enfisematoso ou gasoso que inicia da primeira semana e se estende por cerca de 30 dias. Nesse período observa-se uma distensão gasosa, mais evidente no abdome, mas que pode ser observada também na face. O terceiro período é o colitativo, iniciando no primeiro mês, este período pode se estender até por 2 ou 3 anos. É onde ocorre o amolecimento dos tecidos. E por fim, o quarto período que é o de esqueletização, onde os tecidos amolecidos desaparecem expondo o esqueleto.

    Por fim temos a maceração que nada mais é do que um amolecimento dos tecidos quando estes ficam submersos em líquido. Observa-se uma pele esbranquiçada, corrugada onde a epiderme se solta da derme.

    Em relação ao processo de conservação, o mais famoso por ser uma prática milenar  é o da mumificação, podendo levar de 6 meses a 1 ano para finalizar o processo. Nesse caso, o cadáver é colocado em um ambiente bem ventilado, porém  seco, com temperatura acima dos 40º C. Mas existem outros processos de conservação como a saponificação, petrificação e coreificação. 

    Finalizando nossa jornada, é importante ressaltar que todas essas características são de extrema importância para o perito, seja ele criminal, médico-legista ou odontolegista. Tudo está trabalhando em prol da justiça. Não se trata apenas do exame necroscópico. Existem fatores externos que contribuem para a elucidação de um caso, por exemplo, mas que foi alterado e dificultou o trabalho do perito.  Por isso que em cenas de crime a preservação do local é tão importante.

    Muita informação, né?

    Sei que a abordagem tem cunho científico, mas deixo aqui minha mensagem para você: Memento mori (postei e saí correndo).

    Até a próxima, galera!

    Você Precisa saber:

    • Só o médico pode emitir a declaração de óbito (parece besteira, mas não é hein?)

    • Os cadáveres enterrados têm sua putrefação retardada em até 8x do que aqueles que ficam expostos (a depender das condições climáticas, obviamente).

    Isis Teixeira


    REFERÊNCIAS

    Brasil, 2009. Ministério da Saúde. A declaração de Óbito: documento necessário e importante.

    https://www.google.com/search?q=era+vitoriana+post+mortem&sxsrf=ALeKk01Czt-lMGSwRQaa8u4cQJfVYZEj-Q:1615593722597&source=lnms&tbm=isch#imgrc=Ltlrb4WB3xMeJM


    VANRELL, Jorge Paulete. Odontologia Legal E Antropologia Forense . Grupo Gen-Guanabara Koogan, 2020.


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